Adeus.

Ela nunca lerá isso. Nunca. Não só porque não sabia ler, mas porque ela não está mais aqui. E isso já tem algum tempo. Ela foi indo embora aos pouquinhos, e agora está chegando a hora de ir embora de vez. Sei que será o melhor para ela, eu sei, mas sinto falta. Do cabelo branco, da voz calma e baixa, do colo que confortava, do amor que se sentia de longe, do "cheiro" baiano que ela me dava. Sinto falta do tomate com açucar, da farofa saborosa, das brincadeiras que só ela tinha, de me chamar de "minha preta branca". Também sinto falta de todos os momentos que podia estar com ela e não estive. Mas ela sabe, sei que ela sabe de todo meu amor por ela.
Vó, nunca te disse o quanto te admiro, o quanto te amo e o quanto te busquei pra minha paz. Queria que pudesse saber Dona Etelvina, que apesar de sentir sua falta, eu desejo que sua viagem seja tranquila. Te amo.